27 SET 2020 - Reflexões durante a Primavera: Nem tudo são flores...
... mas flores são sempre flores ...
De repente você chega numa fase da sua vida e começa a se dar conta de um monte de coisa. Primeiro, que as mudanças são a única constante dessa equação chamada vida. E muitas mudanças impensáveis chegam sem aviso, como essa pandemia. A outra constante dessa equação é que a vida, por mais bem planejada, pensada, nunca é do jeito que a gente queria ou esperava. Com o passar dos anos fica cada vez mais difícil permanecermos intactos. Mas eu penso que o Universo sabe o que faz. Às vezes é impossível compreender os acontecimentos, mas não acredito muito no acaso. O Universo tem suas próprias leis. Sempre acreditei que há um tempo certo pra tudo, e muito jogo pra ser jogado ainda. A consciência da vida passar rápido faz a gente pensar e repensar o que fomos, somos ou seremos.
Toquei grandes projetos na minha vida profissional, superei milhares de obstáculos, passei muitas vezes por cima de mim mesma, deixando até minhas necessidades de lado. Isto não me tornou melhor nem pior que ninguém. Participei de batalhas que me testaram ao limite, mas no final todas só me fortaleceram. Repito, nunca fui nem serei melhor do que ninguém, apenas busquei e busco me superar. Hoje eu sei me virar muito bem, mas se eu disser que não preciso de ninguém é mentira. Sabe aquele carinho, aquele dengo, aquele colo, que a gente recebia dos pais na infância, isso faz muita falta. Sou carência pura. Engraçado alguém totalmente independente dizer isso, né? Simples assim: eu preciso muito mais do carinho e atenção dos amigos do que consigo admitir.
Ainda assim, apesar de todos os percalços e obstáculos que me foram impostos até hoje, eu sempre consegui dar a volta por cima e encontrar o que eu mais busquei todos esses anos: paz e tranquilidade... Uma paz de espírito de fazer inveja. Mas tem horas que essa paz de espírito vira espírito de porco e insiste em procurar respostas para questões complexas, controversas e retroflexas. Paro e me pergunto: será que aquilo que eu busco está me buscando também?
Todos nós temos sonhos na vida e muitas histórias não finalizadas, que nos inquietam e nos fazem desenhar desfechos apenas na imaginação. Meus sonhos e histórias são intermináveis, para Michael Ende nenhum colocar defeito (autor de A História Sem Fim). E principalmente no que diz respeito a um sentimento chamado amor. O amor ainda é uma grande incógnita pra mim. Meus amores sempre nasceram dos meus sonhos mais recônditos e encalharam numa realidade bruta, injusta, cruel e até um pouco carrasca, findando, muitas vezes, por escravizar minha mente e meu coração. Às vezes chego a perder a minha coragem e resiliência e, até a fé em mim mesma e a minha paciência.
Esse sentimento é pintado docemente por mim com coraçõezinhos e até ganha trilha sonora combinando. Mas teima em sangrar, em brincar com os sentidos. Porque por mais doce que seja, ele dilacera. Quebra o mais forte dos corações. E mesmo dentro do silêncio calmo da mente, cresce uma angústia que aperta tanto que muitas vezes a gente acorda durante a madrugada e fica se perguntando o porquê. Talvez tivesse sido melhor quebrar a cara e não o coração. Até porque a cara aprendeu a se reconstruir sozinha depois de tanto "bater com a cara na parede". Mas pensando bem, são essas pancadas que nos fortalecem. E não adianta querer repassar o problema ao outro, porque esse fardo é apenas seu, fruto de suas escolhas.
Por vezes é necessário apostar com fé naquilo que a imaginação desenha. Lembrando que para isso é preciso finalizar as histórias sem fim, fechar o livro. Deixar apenas as saudades flertarem com o pensamento. E celebrar a continuidade da vida. Celebrar a própria vida, porque há coisas na vida que são para sempre, há coisas na vida que acontecem de repente, há coisas na vida que você simplesmente não entende, mas nenhuma delas acontece em vão...!
(Texto e foto: Silvia Faustino Linhares)
E cheia de emoção, com uma velha canção, eu termino esse textão. 😍💚😍💚😍💚
Ela é interpretada por Carol Douglas, cantora norte-americana, cujo hit "Doctor's Orders" foi um dos pioneiros no gênero disco music.
Doctor's Orders - Carol Douglas
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