São 3.29h. Acordo no meio da madrugada. O sono me diz: vou ali e já volto. Uma quietude lânguida toma conta do meu corpo. Ouço o sabiá cantar. Se não fossem os compromissos do dia que se anuncia, sequer tornaria a fechar os olhos para dormir novamente.
A noite tem uma coisa mágica, um som silencioso que me
acalma. É como estar no mato, atrás de passarinho.
Abro um tênue sorriso, doce e sem pretensões. Respiro...
suspiro, bem fundo, sem ressentimentos. Vêm à tona centenas de sentimentos. São
difusos, confusos, ambíguos...
Um torpor toma conta da minha mente. Um misto de frio e
calor arrepia meu corpo. Preferia um arrepio na pele, daqueles que anunciam o
enrosco de corpos ardentes.
Ouço um nada vindo da rua. Nenhum carro passa, sequer ao
longe. Um silêncio estranho, que traz alucinação, que se mistura com alheação.
Um misto de emoções. De fim e recomeço. Um num sei o quê
e nem sei pra quê. Um deixa pra lá. Eu juro que não sei mais o que achava que
sabia. Deliro...
Já não há expectativa. Sem o calor de uma
paixão, sobra apenas o silêncio da solidão.
O sabiá é insistente, canta bonito, mas repetitivo. Minha única companhia nessa madrugada solitária é ele. É o prenúncio da primavera. Talvez de uma nova era.
Espera! Chega de pensar. O jeito é fechar os olhos de novo, cair nos braços de
Morfeu e por sonhos deslizar.
Boa noite sabiá. Até daqui a pouco. Por favor combine com
a corruíra que horas irão me acordar.
Fui ...
(Foto e texto: Silvia Faustino Linhares)
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