segunda-feira, 29 de março de 2021

29 MAR 2021 - Vinte percepções pandêmicas

Hoje, pouco mais de um ano depois da pandemia ter começado e do confinamento ou semi - confinamento ter se tornado algo normal na nossa vida, fiz um balanço e transcrevo aqui minhas percepções anotadas nos últimos tempos e o que mudou para mim. (E eu achando que seria temporário no sentido de durar algumas semanas apenas). Este texto foi montado a partir de fragmentos extraídos do meu Handy Diary (app). OBS: Vou adorar ler suas percepções nos comentários ao final. Mas boralá comigo:

1 - Engordei um pouco devido às guloseimas e proximidade com a Brastemp, a geladeira, que nunca ficou tão cheia como agora. Apesar disso, tenho feito os costumeiros exercícios com uma certa regularidade. Não o suficiente para manter o meu corpitcho dos 18, mas ...enfim ... vão se os anéis, ficam-se os dedos...😁😁😁

1 - Engordar ou não - eis o X da questão

2 - Todos os dias acordo cheia de preguiça, preguiça de levantar, de estudar, de malhar, de arrumar casa, menos de ficar com essa p&%#@ de celular na mão. 😁😂😃😄 mas como sou razoavelmente disciplinada, tento dar o meu melhor e superar essa "barreira" e fazer o que DEVE ser feito. Ou seja, o dever de casa

terça-feira, 23 de março de 2021

23 MAR 2021 - O pequeno pardal e uma história cheia de emoção

Dia 20/03 foi o Dia Mundial do Pardal - O World Sparrow Day foi criado pelo ornitólogo indiano Mohammed Dilawar e é celebrado desde 2010. O pardal (Passer domesticus) é um pássaro que pode ser encontrado em quase todo o mundo, mas o declínio de sua população é motivo de preocupação em alguns lugares. Além do pardal comum, existem outras 24 espécies de pardais, algumas das quais encontram-se ameaçadas.


O pardal tem sua origem no Oriente Médio, entretanto este pássaro começou a se dispersar pela Europa e Ásia, chegando na América por volta de 1850. Sua chegada ao Brasil foi por volta de 1903 (segundo registros históricos), quando o então prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, autorizou a soltura deste pássaro exótico proveniente de Portugal. Hoje, estas aves são encontradas em quase todos os países do mundo, o que as caracteriza como uma espécie cosmopolita. Essa ave tem se expandido pelo espaço rural e, em alguns casos, prejudicado a produtividade agrícola. Seu nome científico significa: do (latim) Passer = pardal; e domesticus = de casa, doméstico. ⇒ Pássaro doméstico, ave que habita as casas.
(Fonte: Wikiaves)

segunda-feira, 8 de março de 2021

08 MAR 2021 - 'Honjok' ou "tribos de uma só"

No dia 08/03/2020, um domingo, era minha última noite no PN Kruger na África do Sul. (se quiser saber mais acesse aqui). Eu estava em Letaba, um Rest Camp sensacional. Lugar lindo e encantador, onde ficava dia e noite em contato com passarinhos. Nesse dia à noite saí procurar corujas com o nosso guia. A lua me sorriu em todo seu esplendor, coroando nossa expedição, trazendo paz e muita felicidade ao meu coração. Sim eu estava em estado alfa, aquele estado que só o contato com a natureza pode nos proporcionar.

Letaba Camp - Kruger - África do Sul - arquivo pessoal Silvia Linhares


Mas sabia que dali a poucos dias estaria em casa novamente, só não sabia que o ano que tinha iniciado tão maravilhoso, começaria a entrar em colapso. Até agora ainda me sinto em um filme de ficção científica, bastante aterrorizante. 

Quando uma luz no fim do túnel enfim se mostrou, com a tão esperada vacina, ao invés de melhorar, vimos a coisa piorar e muito. A perspectiva de voltar ao normal foi pro espaço, sequer podemos falar em um novo normal. Porque nada do que está acontecendo é normal. O que venho assistindo nesses últimos 360 dias foi o aumento de problemas físicos e mentais na raça humana. Eu me incluo aí. 


Itaituba/PA - arquivo pessoal Silvia Linhares

Um horizonte permeado de dor e impotência foi tomando conta do meu ser. Notícias ruins para todos os lados. Muitos elos foram se quebrando. Crises de ansiedade começaram a aparecer. Medos que nunca tive antes, dores que no fundo sabia serem imaginárias, uma vez que chegaram e se foram do nada. Em alguns momentos descobri que podia ficar muito agressiva internamente e que isso fazia com que eu me sentisse muito mal. Eu precisava mergulhar no meu mais profundo eu e me resgatar, ainda que sozinha. 

 "Mas estar sozinho não é o mesmo que se sentir sozinho. A solidão pode ser vista como uma oportunidade de realmente estar com nós mesmos e de explorar onde encontramos sentido em nossas vidas." (Francie Healey) - Relacionar-se em tempos de pandemia ou fora dela sempre costuma trazer algum tipo de desgaste emocional e físico. Ficar sozinho nessas horas tem as suas vantagens.

Foi lendo uma matéria sobre a pandemia no site da BBC News que uma manchete me chamou a atenção: 'Honjok': o que podemos aprender com os sul-coreanos que defendem a solidão." O texto ressaltava que o isolamento imposto pela pandemia de coronavírus estava levando muitas pessoas a uma "epidemia da solidão".

Fui pesquisar mais e aí descobri que esse fenômeno da Coreia do Sul chamado de "honjok" significa algo como "tribos de um só"."Hon" significa estar sozinho e "jok" é uma tribo, então honjok significa "tribos de um só". São pessoas que fazem tudo sozinhas, mas que não se sentem sozinhas no sentido tradicional de solidão. Aproveitam seu próprio tempo e espaço para fazer o que gostam. 

Esse termo sul-coreano é aplicado a pessoas que voluntariamente realizam atividades sozinhas como comer fora, desfrutar de atividades de lazer, fazer compras ou viagens sozinhas, etc. É um conceito diferente do 'grupo casulo' onde prevalece o isolamento, o viver absolutamente sozinho. Não se trata de se isolar, mas de tomar as próprias decisões sem ter que depender de outrem. 

Às vezes não é fácil organizar o nosso tempo, vontades e disponibilidade com outras pessoas e fica mais fácil fazer planos sozinha. Não tem melhor do que desfrutar da liberdade da própria companhia, seja lendo metade do dia sentada em um café, passando horas num computador, ou andando uma manhã toda no mato atrás de passarinho.

Acho que o mais próximo de "honjok" na nossa língua é a palavra "Solitude", que é o estado de privacidade de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão.


Solitude · Black Sabbath

  
Eu era uma "Honjok" e não sabia. Pelo menos essa tem sido minha realidade nos últimos anos. Só nunca chamei isso de 'Honjok' ou "tribo de uma só". 

Desde que arrumei meu primeiro emprego e fui morar sozinha, fui aprendendo a tomar minhas próprias decisões, definindo os caminhos da minha vida, planejando o meu futuro. Acho que até mesmo durante os anos de casamento. 

Tive que ser forte mesmo quando me faltavam forças. Tive que superar barreiras que julgava intransponíveis. Precisei me entregar sem lamentos às emoções mais doídas. E confesso, nunca foi fácil. Com isso tornei-me uma pessoa bastante forte, determinada, porém extremamente controladora e difícil até para mim mesma.

Essa semana resolvi ter uma conversa séria com "a tribo de um só", no caso euzinha e esclarecer algumas coisinhas. Talvez meus pais, se estivessem ainda comigo, fizessem isso a moda deles, me oferecendo soluções que não consigo vislumbrar no momento. A decisão consciente de viver sozinha cobra seu preço, mas te mostra o quanto você pode ser forte e lutar, mesmo quando o inimigo está dentro de você: simplesmente é seu interior. 

E nessa pandemia, o mais difícil está sendo apaziguar os dois "serezinhos" que me habitam e travam uma eterna luta entre si. A emoção, em forma de coração, possui asinhas e se diz ser o meu anjinho. A razão, travestida de diabinho, domina meu cérebro e me tolhe de fazer as coisas que a emoção impulsiona.

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Um ano depois dessa pandemia sem data pra terminar, meu coração, aperreado que só, me disse em confidência, bem baixinho: pega o carro ou o passaporte e saí pro mundo ver passarinho. Aí o cérebro, travestido de razão, me lembrou: "pode não". Ele me cochichou aos ouvidos: "fica em casa quietinha que isso vai passar"! E o coração respondeu, com voz alterada e revoltada, mas você me disse isso no ano passado e a "bagaça" continua pior do que estava.

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O cérebro então lembrou ao coração que ele mesmo disse que nem sempre as coisas acontecem como a gente gostaria. E os dois para por fim no conflito decidiram revirar os HD onde estão armazenadas as fotos, cavar informações no fundo do baú e começar a viajar dentro das memórias, transformando em palavras e posts no bloguinho de viagens, que avidamente aguarda por novidades, morrendo de saudades.

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Hoje cedo recebi um bilhete que dizia: "Chega de ficar com os pezinhos pra cima, com o celular pendurado nas mãos e mãos à obra, D. Silvia. Bora parar de resmungar e de ver fantasmas onde não existem. O mundo já se recuperou de coisas piores. A gente sai dessa, tenha fé, por favor. (assinado cérebro & coração)


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E por fim um som bem gostoso pra encerrar esse post

Baila Comigo Rita Lee