Meus Poemas - Silvia Linhares : 28 FEV 2021 - A casa sem janelas... (começo e fim ... e muitos enfins...)

Fechando o mês com um texto sobre a vida e seus muitos momentos.

04/02/2021 - Currais Novos - RN - foto de Silvia Faustino Linhares

Toda quinta-feira a Maria, minha amiga e ajudante, vem aqui para fazermos faxina.
Depois de um cafezinho, a gente arregaça as mangas e só descansa quando tudo termina.
Nesses últimos tempos, eu tenho feito um exercício de desapego.
Abro armário por armário, gaveta por gaveta, reorganizo tudo.
Desapego, doo ou jogo fora coisas sem serventia na minha vida.
A casa fica mais leve e a minha alma agradecida.

Minha cozinha - foto de Silvia Faustino Linhares

Aí hoje comecei a ouvir músicas e alguns sentimentos afloraram.
Os acordes atingiram o âmago do meu ser e transbordaram.
Percebi que precisava fazer uma faxina geral dentro do meu coração.
Tipo me desapegar daquilo que não deu certo ou foi só enrolação.

Que tal uma musiquinha romântica para relaxar um pouco (com duas versões, uma em inglês e outra com o grande rei em português, escolha a sua)

Damaris Carbaugh - Once Again (Outra Vez)

Roberto Carlos - Outra Vez

Esbarrar com alguém que acenda a nossa alma é um acontecimento raro.
E quando isso acontece, a gente termina por se apegar.
Mas nem sempre as coisas acontecem como a gente gostaria.
Porque por mais que a vida nos dê asas, muitas vezes as circunstâncias nos impedem de voar.

Miracatu/SP - foto de Silvia Faustino Linhares

Quando amamos, no fim acumulamos muitas coisas desnecessariamente.

Sobram apenas manchas no coração e um monte de recordação.
As boas viram saudades. As ruins misturam dor e decepção.

Tudo acaba permanecendo estacionado no fundo do coração.
Provocando congestionamentos, pesos extras e incertezas de montão.

Dourado/SP - foto de Silvia Faustino Linhares

A gente se fecha como uma casa sem janelas.
Muita coisa passa despercebida. Há nisso tudo um grande sentimento invertido.
Perde-se a noção de que há um mundo lá fora e muito caminho a ser percorrido.

04/02/2021 - Currais Novos - RN - foto de Silvia Faustino Linhares
versão p&b

Por isso eu sempre digo, tudo tem começo e fim ... e muitos enfins...

Enfim ... foi assim... entre rimas e muita pantomima, fez-se o clima.
Um dia estávamos lado a lado, no outro bem longe.
E agora todo dia amanhece assim, eu sem você, você sem mim.
Nem sempre o sol nascente ilumina o lado que a gente quer.
Não é uma questão de apenas ter fé. É uma coisa muito delicada, de interpretações ilimitadas. Às vezes exacerbadas.

Talvez seja só mais uma história como as outras, bem trivial, com desfecho banal.

É sempre assim, permanecem muitos porquês e uma costumeira ausência de propostas.
Um imperdoável vácuo! Nenhuma nova resposta!

Ainda amo a sua alma, suas qualidades e até seu excesso de vaidade,
mas detesto seu comportamento abstrato e inconclusivo.
Sua falta de jeito de lidar comigo.

Nessa época de pandemia, muito se fala na necessidade de distanciamento social.
Meu coração entrou nessa onda e resolveu fazer distanciamento emocional.
Refletir e não repetir ...

Enfim...
O desapego emocional é assim...
Dá-se um play no "f&#a-se", desativa-se o visto por último,
Ativa-se o modo tolerância zero e reserva para si o pódio das prioridades.

Pura necessidade, adaptabilidade!

Recomeçar... caminhar em frente! Flores irão surgir e te perfumar...
Haverá um café na esquina, um novo livro para ler, um novo seriado na TV,
uma cerveja gelada para entornar, um sorriso leve e um amigo pra te alegrar...
E muitos passarinhos em volta a cantar...

Miracatu/SP - foto de Silvia Faustino Linhares

Haverá espaço, sobrará cansaço, mas o sol nascente há de nos iluminar sempre.
Afinal somos feitos de sentidos. De todos os sentidos. Em todos os sentidos.

Enfim...fim!!!

ET: Meu primeiro poema nesse bloguinho foi feito em SET/2016. Também era sobre uma casa sem janelas - acesse aqui para conhecê-lo.

❤❤❤

"The House of the Rising Sun" (A Casa do Sol Nascente) com o Grupo Santa Esmeralda é uma regravação em ritmo disco de um clássico da banda inglesa de rock The Animals, dos anos 60, que depois inclui na minha play-list junto com algumas outras versões. Confira abaixo, caso goste da música como eu gosto.

The House Of The Rising Sun - Santa Esmeralda