quarta-feira, 21 de agosto de 2019

21 AGO 2019 - O voo, a poesia e meus devaneios

Original escrita dia 21/08/2019 indo para São Gabriel da Cachoeira

O voo, a poesia e meus devaneios.

De tempos em tempos a gente precisa se perder um pouco da realidade e traduzir os sentimentos e os pensamentos em poemas, dando forma às emoções que transbordam dos nossos corações.

Os temas? Qualquer coisa que cause comoção, emoção, paixão. 

E principalmente saudades. Ah! As saudades! Saudades dos momentos levados, que jamais voltarão. Tudo arrastado pelo tempo, carregado pelo vento! 

O vento... Ele e seus desmandos e mandos! Molda, constrói, destrói, faz arte, brinca, revira os cabelos, perpassa as roupas, acaricia o corpo, te deixa esvoaçante. Te faz ficar delirante. Sem nenhuma razão, te afaga o rosto, te abraça, te arrepia. Te envolve, te faz um carinho como um par de mãos. E se bobear te derruba no chão.

Lá fora ele conduz o avião... Ora embala, ora demonstra sua força, ora balança, causando pressão. Pela janelinha eu só vejo o azul infinito e, às vezes, o branco de algodão... pura solidão ...


Mas meus olhos vão lá no fundo, e enxergam o verde... O verde do chão. O verde da esperança. O verde que acalenta o meu coração.



O verde que me remete ao "ver-te". O ver-te que me acalma. O ver-te que me enlouquece a alma. 

O ver-te que me conecta, me desconcerta, bagunça minhas emoções, faz lágrimas encherem meus olhos cansados, revelando minha incapacidade de viver sem paixão. 

Fecho meus olhos e te desenho na minha mente, todo sorridente. É meu jeito de lhe fazer flerte. Leve e inconsequente. Vejo cada detalhe do teu rosto em foco, como um clique bem feito. Com um longo suspiro, contorno teus lábios, acaricio teus olhos, teus cabelos e me ponho a te admirar. Eis que me ponho a devanear... Penso em como seria cada pedacinho da tua pele quente, o cheiro do teu corpo suado, o beijo sereno...então ... (suspiro) ...

Quisera desbravar o teu pensamento, entender teus sentimentos, sentir os seus tormentos, estar presente naquilo que te causa alento. Ser tuas vontades mais profundas. Seus desejos mais recônditos. Preencher sua boca com meus beijos, causar desassossego. Ser suas asas e te tirar do chão. Decorar com borboletinhas o teu coração.

Abro meus olhos! A comissária me olha nesse momento. Não deve estar conseguindo traduzir a expressão do meu rosto. Ela me sorri, devolvo um cordial sorriso, pensando como são as coisas. 

Ela mal sabe o turbilhão que se arrasta dentro do meu coração, mas que não interfere no trajeto desse avião. Desconhece o tanto que viajo por dentro, o tanto que estou feliz por poder, acordada, desenhar um momento. 

O avião balança um pouco. Tenso! Estamos descendo. Vejo um rio lá embaixo. Doces aventuras me aguardam. Falta pouco ... em breve o avião irá colocar suas rodas no chão, me tirando deste precipício. E eu? Quando será que conseguirei pousar minhas asas no teu coração?

(fotos e texto by Silvia Faustino Linhares)







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